terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O surgimento de um Método Acadêmico para Dança do Ventre

Método Acadêmico Suheil Dança do Ventre

O surgimento de um Método Acadêmico para Dança do Ventre


- texto retirado do livro da bailarina -

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Como acredito, pude provar nestas dezenas de paginas escritas com todo o meu amor, sim, sou uma admiradora da dança do ventre. Uma apaixonada por esta arte. Uma fãn. Em verdade, uma completa adicta. Até entrei em uma dessas comunidades de sites de relacionamento, entitulada “Fanáticas por dança do ventre”. Não poderia ficar de fora! Mas amar muito alguma coisa as vezes pode ser um problema.

Por mais maravilhosa que tivesse sido para mim minha mestra Shahrazad com todos os seus fantásticos exercícios e outras professoras que eu viria a conhecer depois, cada uma com seus conceitos e seus benefícios, suas técnicas e seus métodos próprios, muitos deles com resultados incríveis, ainda faltava alguma coisa. Dentro das aulas, algo ainda não me satisfazia. Faltava uma linha de aprendizado. Faltava didática, método. Faltava aprimoramento técnico. Faltava principalmente uma evolução consciente dos movimentos.
E então quando estava na sala de aula de ballet, estudando... foi que me dei conta. Agora parecia muito claro. Como um estalo. Assim como as danças clássicas acadêmicas possuem uma metodologia que nos garante um aprendizado pleno e de qualidade atestada, era nescessário didatizar, “metodologizar”, academizar a dança do ventre!!! Uma semente era plantada aqui.

Começou então um processo de busca que envolveria nomenclatura, das mais utilizadas popularmente `aquelas usadas internacionalmente, incluindo a criação de alguns nomes, normalmente descritivos, que se fizeram nescessários.
Como fazer tal e como fazer qual técnica? A didática deveria ser de acordo com a tradição, mas incluir cinesiologia, biomecânica, anatomia do movimento... e isso levou a um profundo estudo de todos os movimentos encontrados na dança. Após catalogá-los, é claro!
Nescessária é a organização para o estudo aprofundado de algo. Feita então, uma apurada divisão dos movimentos em grupos de acordo com a parte do corpo a que se referem e seu respectivo grau de dificuldade. E qual ou quais passos derivam de determinado um, e quais passos derivam de outros. E assim por diante.

E então agregou-se o ballet. Sim, o ballet clássico, pai de todas as danças, como dizem do piano, o pai de todos os instrumentos. Quando se olha com foco para a linguagem universal da dança, sejamos francos (!) : pliet é pliet em qualquer lugar do mundo. Assim como relevet, pivot, developet e diversos outros nomes utilizados para determinados movimentos do corpo na dança, que são chamados assim desde que a dança é dança, ou pelo menos, é dança acadêmica.
E assim posso dizer também sobre os braços. Uma quinta posição de braços é igual no método italiano, francês ou russo. Cada uma com seu detalhe, seu estilo próprio, claro, mas grite em uma sala de dança “5ª posição” e me diga se imediatamente qualquer nacionalidade de bailarino não vai levantar seus braços em arco sobre a cabeça.
Foram agregados o ballet e sua nomeclatura também. Adaptados é claro, `a realidade da dança do ventre. Um passet jamais seria endehors com uma roupinha de odalisca, certo? Usando o bom senso, é muito fácil entender as adaptações naturais que estes determinados passos sofreram ao migrar do ballet para a dança do ventre.

E aí então, como numa receita de bolo riquíssima, em que nada pode faltar ou sobrar, agregaram- se as danças folclóricas, as danças modernas, as fusões... Assim como o uso como auxílio psicoterapêutico que se faz da dança (e o tão polêmico arquétipo das deusas). Não poderia deixar de fora também, a história da própria dança, a história da dança do ventre e uma certa cultura mínima da dança em geral (afinal, quero academizá-la, não é?). Conhecimento é a palavra. Estudo é o adubo.

Brotou daí o Método Acadêmico Suheil Dança do Ventre. No começo eram papéis cheios de anotações e fórmulas quase que secretas para ensinar esta tão maravilhosa dança, de forma a permitir que as alunas absorvessem todos os benefícios da prática e ainda tivessem em mãos um curso valorizado, que lhes permitisse no futuro, também poder exercer uma profissão artística com qualidade e dignidade.

Nescessário também, que as profissionais se comunicassem com a mesma linguagem e os mesmos padrões de avaliação, ou seja, primeiro ano em uma escola não pode ser terceiro em outra e assim por diante, de acordo com o exclusivo interesse comercial.
Surge então, o "Guia didático". Com ele, foram divididos em cinco diferentes níveis, ou cinco períodos, todas as informações e todo o conteúdo prático do curso. Você sabe desde o início o que vai aprender, quando e porquê!

A aplicação do método já acontecia em academias, nas aulas de dança do ventre. Difícil na época uma escola especializada como as que existem hoje. E incrivelmente as aulas de dança começaram a lotar! As aulas de dança do ventre passaram a ser dinâmicas. Mais que isso: aula de dança do ventre passou a ser também cultural. Passou a ser técnica. Passou a ser divertida. Passou até a ser rentável! Fui aconselhada então a abrir uma escola.

Começar uma escola própria com diversas alunas não foi difícil. Começar com turmas técnicamente divididas e que já estavam acostumadas a “mudar de nível” conforme o aprendizado e não conforme o tempo de dança, também foi a etapa fácil. Era nescessário agora apenas praticar o método e a didática desenvolvidos. E aplicá-los significava usá-los, testá-los, não apenas nas alunas que já estavam neste fluxo, mas principalmente a mim mesma, em colocar regras e ditar o quê e aonde, principalmente a mim mesma, pois não poderia deixar a essência da dança se perder em meio a tanta rigidez e disciplina. Esta foi a tarefa mais difícil...
Temí. Pensei. Uma escola com um método acadêmico, diferenciado. Mas como saber se ele funciona? Como saber se estas “bailarinas do ventre” seriam mesmo diferenciadas? Como a arrogância de achar que este seria diferenciado... porquê? Seria nescessário então olhar para a plantação, como quem olha mesmo para um fruto... a saber se é bom ou não. Simples assim.

Fui atrás de bailarinas clássicas que pudessem servir de examinadoras destas minhas alunas (e das de outras professoras que já usavam o método). Montamos uma banca com três profissionais reconhecidas (faculdade de dança, diploma de ballet, etc...) e então aplicamos exames que começaram como anuais, que promoviam a aluna para uma outra turma, um nível superior. Para ser aprovada o rendimento mínimo da aluna, assim como sua frequência em aula, deve ser acima de 70 por cento.
Este exames consistiam em movimentos técnicos, combinações, diagonais (e tudo o mais que requer um exame acadêmico), além de leitura musical, postura, coreografia e improvisação (tido por muitos como essência desta dança). Se a aluna viesse de outra escola, poderia começar a frequentar as aulas, mas seria submetida a um exame oficial para poder permanecer em qualquer turma acima da iniciante. Foi incrível o resultado técnico atingido com esta implantação. A seriedade com que as alunas frequentavam e encaravam o curso, já não era mais a mesma. Que bom.

Começou a prática real do método! Turmas começaram a usar a metodologia e as salas foram ficando mais cheias. Os comentários inevitáveis apelidados de “amigos do ego”, cada vez citavam motivos diferentes de porquê daquela forma aprendiam e de outra não. E isso foi crescendo. As primeiras alunas foram se apresentando e com elas inúmeros troféus conquistados em festivais foram se somando nas prateleiras.
Em outras cidades, professoras chegaram com a novidade. Suas salas encheram. Ninguém rouba aluna de ninguém. Mas é incrível como todas as alunas têm em comum, a busca por um curso aonde se aprenda... E as alunas foram optando. Pelo curso didático, acadêmico,...
As alunas das turmas infantis, com sua metodologia apropriada e também adaptada para que as meninas não desenvolvam prematuramente o lado sexual e sim aprendam a valorizar mais o seu próprio corpo, as duzias mostravam a cada dia, que a dança pode fazer desabrochar o feminino com delicadesa e muita disciplina. E que criança pode sim dançar a dança do ventre como criança. E ser assim vista, dançando como criança.

Alunas que entraram no início do curso foram passando de ano, ano após ano. Algumas depois estagiaram para se tornarem professoras da escola, daí começaram a dar aulas como trainees para depois serem oficializadas professoras. Exatamente como nas escolas acadêmicas de ballet. Com o tempo, outras professoras que vinham de outras escolas com outros métodos, começaram a aparecer. No início para fazer aula nas turmas mais avançadas ou apenas para se atualizar. Outras, pedindo claramente para aprender uma forma de ensinar. Curioso não? Mas é mesmo nescessário aprender a ensinar. “Nem todos nascem com o dom” seria uma frase tão ruim assim neste caso? Sabe aquela história da exelente bailarina que não sabia dar aulas?
E assim surgiu o “Curso de Formação para Professoras de Dança do Ventre” – Metodologia acadêmica Suheil Dança do Ventre. Primeiro para minha própria escola, e como quem vê um sonho se tornando realidade, depois para outras escolas, em outras cidades, outras capitais,... rompendo as fronteiras.

O êxtase dos 10 anos de aplicação prática do método foi, para mim ver diversas alunas circulando entre oito professoras diferentes dentro da mesma escola, estivessem repondo aulas ou experimentando estilos diversos, acelerando o aprendizado, mudando de turma... não importa! Mas com todas estas ímpares bailarinas e professoras de estilo próprio, que utilizando-se apenas deste método academicamente, conseguiram que as alunas não se perdessem no conteúdo das aulas, conseguissem se comunicar através de uma mesma nomenclatura e fluir de uma sala para outra, de uma professora para outra, de um nível para outro, evoluindo sempre de forma visível até para os mais leigos. Na ponta da língua a delicada sabedoria feminina também se apresenta. Quando questionadas sobre cultura ou pressionadas pelo preconceito alheio, estas alunas souberam com muita didática expôr seus conhecimentos e elevar o nível desta arte tão rica. Assim como as bailarinas de verdade. Aquelas que conhecí, admirei, amei, respeitei... e viví desde a minha infância.

O Batismo. Quando eu comecei a dançar, o ritual do batismo era mais que mágico. Era esperado. Era uma dádiva. Na verdade mesmo era uma forma de nós ocidentais sermos aceitas pelas comunidades árabes e vizinhas quando dançando em suas festas, um dos únicos trabalhos na década de 80 para quem queria ser bailarina de dança do ventre. Mas isso era abafado pelo misticismo. A mestra lhe escolher um nome, algo com significado – que para a cultura deles é ordinária e para a nossa não usual – principalmente se relativo a sua personalidade ou a sua dança, era uma honra. Tanto que carrego o meu até hoje.
Hoje é indiferente para muitas escolas, bailarinas que se auto nomeam ou simplesmente o nome de dança ser um “nome artístico” no seu DRT. Mas não para muitas das mulheres que ainda carregam um toque de magia em tudo o que fazem. Ou que estão precisando fazer isso! A dança para muitas mulheres é apenas um momento de prazer entre tantas atividades diárias frustrantes. Esse momento precisa ser mágico.
Nesta proposta acadêmica, o batismo opcional acontece ao término de terceiro ano de curso. Embora ainda tenha pela frente no mínimo mais dois anos de estudo, com este tempo a aluna já está hábil a dançar, a apresentar-se publicamente, e por conta própria, respeitando a ética e os valores aprendidos. Como um ritual que diz a aluna: “daqui pra frente você não precisa mais ficar apenas nas apresentações das festas da escola...”, ou algo parecido. “Mas continua estudando. Porquê não acabou”. É importante a segurança de que já se sabe algo, de que se chegou em algum lugar, de uma estrela no peito. Para motivar a terrível descoberta que vem a seguir: que o aprendizado não acaba nunca. Como quando calcei minhas primeiras sapatilhas de ponta.

Estava implantado o método. Os frutos nasceram saudáveis. Mais que isso, os frutos são especialmente ricos. Raízes fortes crescem. Sementes férteis se multiplicam.

Hoje o método está presente em diversas escolas de diversas cidades em alguns estados e até mais, países! Será que posso falar em gerações? Alunas das alunas que foram alunas de Suheil. Que bênção!

Conheça algumas delas:

Shobam El Suheil (Representante em Brasília, DF),
Mahayla El Suheil (Representante em Aracaju, SE),
Julieta Camargo (Representante em Florianópolis,SC),
Jalilah El Suheil (Representante no Litoral Norte e Vale do Paraíba, SP),
Laialy Sahira, Aziza El Suheil, Samra El Suheil (Representantes em Ubatuba, SP),
Hafsa Farah (Representante em Caraguatatuba, SP),
Amara Zahira (Representante em Campinas, SP),
Rajaa Rafiq (Representante em Rio Claro e São Pedro, SP),
Nar El Suheil (Representante Austrália),
Aysel El Suheil (Representante em Madrid, Espanha)

e ainda...
Safi El Suheil, Kamra El Suheil, Najwah El Suheil, Mushtaree Maia, Shayna Sabbat, Samina Amal, Lina Kahina, Amira Zambak, Fahima Hayal, Warda, Nadima Ardah, Badi’a El Suheil, Shala Sharifa, Farhannah El Suheil, Dahab Perizad, Lyinaa Kareemah, Nyla Nefer, Sahira Sadiyah, Rayzel Hadiyah, Najma Khawala, Alika Mahaila, Khadija Hallemah, Samia Muneerah, Tahia Fathin e Layla Saide, entre outras.

Obrigada a todas vocês por acreditarem e confiarem em meu trabalho.

...

Assista ao vídeo promocional do novo Dvd !!
Ele será lançado junto com o livro da bailarina, este ano em rede nacional, comemorando os 10 anos do Método Acadêmico.


"Método Acadêmico Suheil de Dança do Ventre"



Reserve o seu !!!

* Participação especial das professoras Aziza, Jalilah e Samra El Suheil




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