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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Shaabi, eleito o novo tema (polêmica) por aqui!



Na correria deste início de ano, pedi que escrevessem o que vocês gostariam de ler por aqui. A maioria que me escreveu pediu sobre Shaabi, tema que vem gerando confusões danadas!  É... parece mesmo que este espaço vai de novo gerar polêmica. E lá vou eu puxar a corda! Rs... Vou tentar buscar um outro ângulo que não aquele que muita gente já escreveu por aí na net, senão serei redundante, certo? 


Então vamos lá. Afinal, é abrindo espaço para discussão que todas crescemos.


Como tudo que envolve uma cultura que não é a minha, vou procurar citar algumas fontes de estudo, pois esta polêmica na verdade também me perseguia até ano passado, eterna aprendiz que sou, quando exausta do "diz que me diz", resolvi aprofundar meus estudos no setor.


Minha pseudo-segurança veio somente com as palavras mega confiáveis do mestre egípcio Gamal Seif, umas das melhores aulas de dança que fiz em minha vida (de Om Koulsoum a Mouwachahat), por indicação de Lulu Sabongi, a quem só agradeço por ter me feito gastar tão bem o meu dindin.


Mas vamos do começo:


Origem literal da palavra Shaabi (Sha'bi) em árabe egípcio: Das pessoas comuns.


O mestre egípcio El Hosseny  em seu workshop explicou que a dança Shaabi é o estilo de dança cotidiana dos centros urbanos.  Shaabi é a dança folclórica das grandes cidades. Rindo, ele complementa: "aquela música que os motoristas de microônibus gostam de ouvir muito alto". 
Até aqui, eu também achava que Shaabi era então apenas uma manifestação mais contemporânea do baladi, com músicas mais modernas, divertidas, que pediam uma interpretação mais teatral, condizente principalmente com a letra da música. Esse vídeo foi fonte dos meus primeiros estudos:



Daí pra frente foi um longo percurso... Me deparei com conceitos que eu colocaria quase como descritivos. Exs.:
- "Sahaabi não tem refinamento"
- "As músicas falam desde amor até problemas políticos"
- "A mistura de instrumentos antigos e modernos caracterizam a música Shaabi"
- "Shaabi é o nosso "brega" do Egito"
- "Shaabi é um rótulo para o baladi da periferia"
e assim segue a carruagem...


Tem uma música que eu AMO e me divirto tanto que virou o toque do meu celular, mas que ao tocar, basta o jegue gritando no começo, para que EU PARTICULARMENTE não a dance em público (mas na sala de casa, confesso, me acabo!). Dêem uma olhada:


Foi então que mestre Gamal Seif veio ao Brasil e entre outros cursos, deu uma palestra sobre o tema no Rio de Janeiro. Detalhe: palestra esta para a qual foram convidadas APENAS profiissionais e professoras da área.
Palestra? Por que não workshop? Porque segundo ele mesmo, "Shaabi não é algo que bailarinas devam levar para o palco."
Foi questionado então, se Shaabi seria o "funk da dança do ventre"? E a resposta foi SIM. 
Isso já gerou uma confusão danada!
Vamos abrir um parêntese aqui, lembrando que nem todo funk é cheio de palavrões, baixarias e afins. A origem (e status aqui) do funk é a música da periferia, a manifestação popular, sem riqueza musical ou refinamento mesmo. A música do baile popular.



Depois disso, outro de meus mestres, de outro continente, o argentino Amir Thaleb, que adooooooora um Shabii (ele termina as aulas profissionais na escola dele em Buenos Aires sempre dançando junto com a gente), veio ao Brasil e fez outra associação, com o brega mesmo, tipo Reginaldo Rossi.


Outro professor egípcio, com quem estudei em 2010, Mohamed Shahin, aplica coreografia no estilo, mas me lembro na época que TODAS comentamos e saímos muito confusas de suas aulas, devido a enorme semelhança com o baladi. E ele não explicou...


Eu particularmente me encantei com a alegria e a diversão que dançar Shaabi pode trazer para um grupo em fim de aula, para uma festa fechada de alunas, uma confraternização, qualquer coisa que tenha como princípio, a diversão. Mas concordo com Gamal; EU, particularmente, não estou preparada pra subir no palco e dançar assim em público. Numa festa pode ser, quem me conhece sabe do meu lado "palhaça", ainda mais se estiver rolando um bom vinho pra soltar as amarras... Rs... Quem atira a primeira pedra?
Separei alguns videos  e espero que VOCÊS me digam então. E ai? A dança Shaabi (não o conceito (!) pois esse sim deve ser estudado!) é tema de estudo em workshop? Vamos levar Shaabi pro palco? O que vocês têm pra contribuir aqui?


Será que é por isso que Gamal disse "Shaabi não é algo que bailarinas devam levar para o palco"?


Será esta uma forma mais condizente de representar o Shaabi no palco?

Bom,  eu vejo por aí muuuuuitas bailarinas dançando baladi e dizendo ser Shaabi. Até a música distorcida. E me lembro também quando no Brasil começamos a estudar Hagalla, onde pessoalmente presenciei a ministrante e seus  bailarinos com roupas de Dabke se apresentando em workshops, que acabaram por difundir toda uma cultura de forma errada e que levou ANOS para ser corrigida.


O único texto que realmente achei sério nos blogs da vida, é este aqui, da Roberta Salgueiro, que já foi inclusive citado em outros blogs.

Uma bailarina que tenho MUITO respeito por suas pesquisas constantes direto na Terrinha, é a linda Jade, que AO MEU VER, demonstra aqui uma forma de dançar Shaabi mais legítima, mais autêntica e condizente com a proposta, SEM uso de Galabeya, apenas curtindo o ESTILO e dando vazão a sua interpretação pessoal, como bailarina que é, dentro de seu traje de dança. Lembrando que ela fala árabe fluente, reparem e naturalidade com que ela canta a música além de interpreta-la. Desculpe, mas isso de forma fake seria no mínimo ridículo! Não tente fazer em público se você não fala árabe...


Estou longe, muito longe se ser especialista no assunto, mas meu bom senso ainda não me permite discordar dos meus Mestres, principalmente dos egípcios. Não, eu não falo árabe.


E ai bailarinada? Vamos discutir? (com ética e boa educação, please!)

Bjks de Luz,
Suheil


*lembrando que este mesmo mestre Gamal Seif, defende que não usemos o nome "dança do ventre" que diminui, quase "denigre" a nossa dança. Foi ele também que mandou TODAS as bailarinas estudarem ballet para complementar seus estudos, dar postura e elegância entre outros benefícios (post aqui). Sim, e ele é O mestre egípcio.


;)


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre estilos... dançando Aziza

Estava aqui filosofando...

Enquanto somos estudantes, tudo o que fazemos é motivo de elogio, por pior que seja, afinal estamos em crescimento, tudo é perdoável e aprendível. (existe essa palavra? rs...). Super natural optar por dançar aquela coreografia do dvd tal, de fulana. Afinal, comprei, estudei, evoluí... mas ainda não consigo "coreografar" sosinha. Tudo certo!

Daí nos tornamos profissionais. No início fatalmente acabamos pegando pra nós o estilo de outra bailarina, seja em trejeitos, na cópia de passos que consideramos estilosos, ou mesmo simplesmente porque sabemos que "seguindo a mestra", nossa chance de errar diminui.

Leva então algum tempo (bastante!) pra que a gente passe a usar aqueles movimentos que gostamos da nossa própria maneira, da forma como ele melhor se encaixa em nosso corpo, adaptando-os com nossa criatividade, seguindo a nossa opinião própria.
E aqui começam as severas críticas, pois é claro, você NUNCA irá agradar a todos.

Mas, do outro lado da balança... é aí que nasce o seu verdadeiro estilo!

Você então tem duas opções:
1- assumir este estilo como a sua dança e ir fundo naquilo que você acredita...
2- ou continuar eternamente sendo clone das sazonais bailarinas famosas, mudando aqui e ali conforme a moda atual.

Mas se a 2ª for a sua opção, por favor, não me venha daqui alguns anos perguntar: me dediquei tanto, porque nunca consegui "chegar lá"?
- Vou te responder agora!

Porque ninguém "chega lá" sendo cópia de alguém, nem mesmo que seja uma divertida colagem de diversas bailarinas...

Dança é arte. E arte não deve ter padrão! (ou ao menos não deveria...)

Eu, particularmente, quando assisto espetáculos de uma determinada casa e suas bailarinas padrão, fico feliz pelas primeiras que entram no palco - terão minha total atenção!
Da 3ª ou 4ª em diante... ai , que tédio! Me controlo pra não começar a conversar.
O mesmo movimento, no mesmo momento musical, com a mesma intensidade, com a mesma finalização. O mesmo trejeito só muda a face. A mesma dança só muda de corpo. Que pobreza...
E não é por falta de boa bailarina, pois elas tem técnica e são lindas.
Mas lhe faltam o que EU enxergo como essencial: ALMA de bailarina.

Quando você dança, sua dança é carregada de emoções, emoções estas que são SUAS, que dizem respeito a SUA história de vida. Impossível ser igual a de outra pessoa...

Vamos refletir um pouco sobre isso?
Estamos a beira de diversos concursos e competições de dança. Em diversos deles sou jurada. Daí você pergunta: o que agrada uma jurada?

Pode ter certeza que estamos atentas , sempre, a premiar não aquela que numa única coreografia imita todas as suas professoras mostrando que tem estudo... não basta!

Vamos premiar aquela que simplesmente emociona a todos ao dançar.
Aquela que quando entra no palco, está tão envolvida no que faz, que parece dizer a nós jurados "tô nem aí com você!" - porque esta sim, nasceu com personalidade para ser uma estrela!

ok... vou exemplificar o post de hoje com alguns vídeos que ao meu ver, conseguem mostrar BEM o que é ter estilo próprio, ao interpretar a mesma música: Aziza

Veja bem! Não estamos comparando quem é a melhor, PLEASE! Não é esta a proposta! É exatamente o oposto! Quero que vocês percebam como cada estilo pode tocar você de forma diferente - gostar ou não é só um detalhe, uma questão de dia, de momento, de humor, totalmente mutável...

Espero que curtam!
Se quiserem deixar seus comentários, será enriquecedor!


1ª - Naima Akef , que dispensa maiores comentários...




2ª - Aqui, a grande mestra Lulu em seu tão imitado estilo



3ª - A bela e competente Renata Lobo



4ª - Não poderia faltar uma russa : Yassmin




5ª - Nem poderia faltar uma turca




6ª - E eu, claro, dando minha cara a tapa pra vocês...




Bom...
Para que você agora possa criar a SUA versão de Aziza...

Uma última inspiração:
mix de bailarinas da Golden Era como Naima Akef, Samia Gamal, Taheia Carioka, Souher Zaki, Nagowa Foad e outras...


Aguardo seus comentários!
;)


Errata: A bailarina que coloquei como exemplo de turca, é na verdade a italiana Alessandra D'ambra - a música é que é cantada pela turca Hilal Cebeci ! Desculpem minha confusão, estava buscando estilos e a fonte que era apenas referência acabou sendo errada. Obrigada Malikat pela correção de forma super ética e muito bem vinda! - Malikat é a responsável pelos grupos de estudo linkados na lateral deste blog.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Estilo? Todos, nenhum, ou melhor: o meu!

Recebi um email carinhoso de uma fã, que em determinado trecho dizia assim "... amo você e seu estilo único, diferente, alegre de dançar..." entre outras deliciosas delicadezas. Antes que o ego pudesse inflar, veio a lembrança de tempos não tão distantes, quando os comentários não eram bem assim. E parei para refletir.

Estilo. No dicionário: Maneira de dizer, escrever, pintar, esculpir. Excessivo apuro no dizer ou no escrever. Feição; carácter (de produções artísticas e do engenho). Uso, costume. Natureza, espécie, modo, maneira.

Nos idos de 80, na minha época "pós Shahrazad", estilo era algo que nem sequer comentávamos! Pensando bem... imaginem hoje aqueles movimentos "a La" camelos, papyros, faraós... Afff... Péssimo. Hoje só renderiam gargalhadas!

No começo dos 90 éramos apenas "essas malucas reboladeiras". Tinha estilo Najua, estilo Lulu, estilo Samira.
Eu que já começava minhas andanças com Suhaila Salimpur, descobria então o estilo "diferente disso tudo".

Mais pro fim da década as coisas mudaram; com muito orgulho aceitei o título de "Amani brasileira" e fui estudá-la já que diziam que éramos parecidas. Não acho. Nunca achei. Mas "me deram", não escolhí. Fico quieta. Agradeço. Sempre.

eu, na minha porção libanesa
Descobrí Samia Gamal entre outras deusas terrenas naquela época e aí sim me identifiquei - arabesques, giros... passei a usá-los. Sem medo de expressar meu lado bailarina clássica.
Fui taxada de "estilo esquisito" - título este que carreguei durante anos, de forma nada confortável, mas apoiada sempre naquilo que era e sempre foi a base de minha dança: minha alma. "Suheil dança esquisito". "Suheil mistura ballet". "Isso que Suheil faz não é dança do ventre". entre outros... Mas continuei na minha teimosia dançante.

Amadureci. Fiquei ainda mais teimosa. Apurei a minha loucura. Melhorei meus giros, meus arabesques, trouxe tudo que aprendí com outras técnicas de dança para esta minha amada arte.
Teria eu enlouquecido de vez? Bom, não devo estar só no planeta : Sahra Saeeda gostou de mim, principalmente do meu folclore no melhor estilo Reda (seria eu agora egipcia?) e me convidou pra gravar um video em Los Angeles. Fui, claro!

Eu agora era estilo egipcio.
Então a Amani em mim morreu?

eu, na minha porção egípcia

Assistí a mega shows de dança do ventre como nunca tivemos no nosso país até então... ví muita coisa nova, que pra mim, eu achava que era delírio meu... mas existia de fato. Em Hollywood, não faz mal! Hehe

Dancei na conquista das Superstars e ganhei! Provavelmente por este meu estilo "esquisito". Em 2004 , hoje quem cala a boca, na época criticava o trabalho de vanguarda do grupo. No final o mundo (ou quase todo ele) se rendeu as novas esquisitas.

De volta ao Brasil, Suheil se tornou então "estilo americano". Era assim que me anunciavam em shows ao lado das bailarinas KK, ditas as de estilo egipcio ou as bailarinas do Omar, as de estilo libanês.

eu, na minha porção americana

PERAÍ !!!! Então a egipcia em mim morreu? E nem me convidaram para o meu segundo funeral... Bom, daí pra frente fui estilo brasileiro (quando lá fora) e todas os rótulos e etiquetas que me estamparam. Para algumas, ainda A esquisita...

Viramos o século. Viva a argentina Saida, que comparada a mim, deixou o meu ballet do ventre pequeniniiiiinho... Umas amaram de cara, afinal os tempos são outros. Outras se renderam só quando era um ET quem a criticasse. Viva a hipocrisia! E assim evoluímos... Estamos em época de Randas Kamel em cada esquina, assim como outras passaram... muitos, inúmeros clones dançantes.

E foi então que aconteceu o FIEL de 2008, com a grande Raquia Hassam. Dançamos no show de abertura : Gada Kanam (Chile), Jade, Elis Pinheiro, Angeles, as melhores professoras da Luxor... e no dia sequinte antes de começar a primeira aula as 9 da matina, a mestra Raquia parou para umas palavras. Algo assim: "Não gostei do show de ontem! Ví diversas bailarinas, todas muito boas, mas todas dançando iguais. Não ví estilos, ví cópias. Os mesmos movimentos, tudo igual." E assim foi acabando em comentários com todas as beldades...

No intervalo, não me aguentei. Precisei ir até ela e pedir que me avaliasse de forma individual. Ela perguntou: "Quem era você ontem"? Respondí: "a de verde, a única de macacão segunda pele..." e ela então me interrompeu com um par de olhos arregalados, a face pra trás na nuca, uma surpresa impossível de esconder. Juro, ví a morte pra mim! Pensei: acabou aqui minha suposta carreira.

FIEL - "A única de macacão segunda pele..."

E foi então que ela soltou as inesquecíveis palavras: "I do liked you dancing! So much! Your are unique, you're not copying anyone. I see you dance, I see you can feel i t!! I can see your soul dancing... Wonderful." quase em transe, achando que delirava, pedi então que ela me fizesse uma crítica, algo que me fizesse crescer. Ela parou, coçou a testa, sorriu e me disse: " You want me to say something for you to grow? (risos...) Keep dancing with your soul." *

E assim, com cara de quem me ama, ela passou os 3 dias de aula me mandando piscadinhas, sorrisos... e disse para procurá-la se um dia eu fosse ao Egito. Ela cuidaria de mim.
AAAAAAAAAAAAAgora sim morri! Ela, a deusa viva, a diva, a mestra... gosta de mim!!!

Mestra Raquia - ela gosta de mim! ebaaaa

E desde então, desculpe a expressão xula, eu "liguei o foda-se".

Estilo? O meu! Aquele que faz meus olhos brilharem quando danço. Aquele que meu corpo decide sosinho usar conforme sente a música. Sem rótulos. Sem pretensões.

Moral da história? Garotas, parem de perder tempo e descubram a dança de onde ela realmente deve vir: de seu coração, de sua alma. Dance porque você é feliz! Dance poque você quer, porque você pode! O resto? É tudo bobagem.

eu e o meu prazer em dançar pra mim mesma...


*
traducão: "Eu realmente gostei de você dançando! Muito! Você é única, você não está copiando ninguém. Eu vejo sua dança, eu vejo que você a sente!! Eu posso ver a sua alma dançando... Maravilhosa." (...) " Você quer que eu diga algo para você crescer? (risos...) Continue dançando com a sua alma."


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