sábado, 26 de setembro de 2009

Shobam El Suheil - Bailarina homenageada do mês


Shobam El Suheil
A pupila em Brasilia

- Bailarina homenageada de outubro -









Minha pequena Jade. Pedra preciosa que literalmente lapidei com muito carinho e compreensão. Nossos momentos são inesquecíveis.



Possui uma visão de mundo por um ângulo"psico-seniase", sua presença e beleza acalmam até o mais perturbado espírito. Esta é a sua grande troca.

Portadora de meus segredos mais secretos é amiga, companheira de shows, de aulas, de crescimento, de diálogos, de arguile e de sonhos.

Acreditou desde o início na aplicação desta didática. Foi aluna, estagiária, trainee.
Uma das primeiras professoras em minha escola.

Shobam em show pela Suheil Dance Co. em 2003

Suas performances cativam até o espectador mais distraído e suas alunas refletem sua competência em ensinar . Bailarina de estilo forte e marcante. Professora exigente e divertida. Única.

Jade El Suheil – Shobam El Suheil
Orgulho de ter você como uma Profissional Método Acadêmico !!!


Shobam El Suheil é bailarina e professora, representante do Método Acadêmico em Brasilia, DF.




quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Estrutura de uma aula acadêmica para Dança do Ventre

Método Acadêmico Suheil Dança do Ventre

A Estrutura de uma aula acadêmica para Dança do Ventre

- trecho extraído do livro da bailarina -

Quando decidimos fazer uma aula de ballet aqui no Brasil, em Nova Yorque ou na Rússia, tão certa quanto você deve usar sapatilha e coque, você sabe de uma forma atrevidamente certeira, o que irá enfrentar pela frente e as suas possíveis variações:
- O alongamento, que pode ser feito no centro ou na barra.
- Exercícios de repetição na barra : provavelmente uma sequência de pliés, depois outra de tendus, seguida de outra de degagés jetés, depois os frapés, os ronds de jambs par terre e os en lair, grand battemants, adaggio e finalmente os exercícios para trabalhar a abertura, sur la barre. Perdoem por favor meu francês quase analfabeto.
- Vamos ao centro e o começo será repetido de forma mais criativa e sem a barra para nos ajudar. Vamos então para os pequenos saltos, os allegros, os giros, adaggios agora também sem ajuda da barra...
- E seguimos pela diagonal com as valsas, os grandes saltos, os deboullés,...
- e por fim... uma reverense... e aplauso. Muito aplauso. Para o mestre e para nós, que saímos vivas de mais uma aula de ballet clássico.

É claro que você vai encontrar diferenças não apenas de uma escola para outra, de um professor para outro e também se o método aplicado for o russo Vaganova ou o inglês Royal o italiano ou outro ainda... mas mesmo com as diferenças e a criatividade aplicada pelo professor, existe uma base sólida na estrutura de aula que deve ser seguida. Por que? Muito simples: porquê funciona!

Anos se passaram e assim é constituída até hoje uma aula de ballet. Passam os anos, as dificuldades técnicas aumentam, o trabalho corporal evolui. A dança até moderniza-se. E a estrutura da aula continua a mesma. Sabe aquele ditado "Não se mexe em time que está ganhando"? Quem se atreve a questionar a funcionabilidade da estrutura de uma aula de ballet? Ninguém se atreve. Pode-se questionar a rigidez, a didática, o uso de piano ou do play back, assim como o carisma do professor. Mas que o método de ensino funciona, não há questionamento. E talvez por isso também, entre outras razões, o ballet é tido como uma dança acadêmica.

Estruturando uma aula de dança do ventre no formato acadêmico

Com o uso do "Guia didático" (do método acadêmico aqui proposto), que nos direciona no nível técnico a ser aplicado e nos passos a serem lecionados, basta apenas um redirecionamento para mudar todo o formato de uma aula de dança do Ventre.

Começamos com "Aquecimento e Alongamento". Músicas boas de serem ouvidas, sempre variadas, acordam nosso corpo para avisá-lo que um trabalho ali se inicia. A proposta aqui é conscientização.
Com uma sequência fácil porém abrangente, o importante aqui é variar pouco no floreio dos movimentos, para que a atenção esteja voltada para o trabalho que acontece no corpo e as sensações percebam a música. Pense: se for necessária uma visualização contínua para poder copiar o movimento, sua consciência não estará voltada para o seu corpo.

Os "Exercícios técnicos" servem para desenvolver, separadamente, a técnica individual de cada movimento. Através do estudo da anatomia deste movimento e de sua repetição consciente e ritmada, variando apenas na aceleração, é possível desenvolver e aperfeiçoar cada movimento.
Aqui serão estudados individualmente, basicamente os movimentos dos grupos Enérgicos e Ondulatórios. Pela característica natural dos movimentos, os dos grupos Deslocamentos e Giros, serão vistos no centro e nas diagonais.
Eles devem ser trabalhados na barra, com uso de contagem nos compassos de oito tempos, já iniciando a assimilação de lateralidade, ora começando pela direita, ora pela esquerda. Postura corporal e de braços é intensamente exigida. Como variação de aula, os exercícios técnicos podem ser trabalhados também de frente ao espelho.

Os "Exercícios de fortalecimento" irão preparar o nosso corpo, no sentido de condicionar os músculos e os tendões para as atividades corporais que serão desenvolvidas. Um exemplo: não se adquire uma meia ponta alta de um dia para o outro. Será necessário desenvolver os músculos do "peito do pé" e do tornozelo, para que estes possam te sustentar lá em cima, naturalmente, sem você precisar fazer força para isso. Assim como sua postura só ficará ereta sem esforço, se o seu abdômen for forte. Existe um processo para que você desenvolva a técnica dos movimentos e nele os exercícios de fortalecimento são fundamentais.
Utilizamos aqui técnicas específicas, como os exercícios do método Shahrazad, exercícios clássicos abdominais e para a lombar, por sua vez maquiados. Normalmente não é uma parte da aula muito admirada pelas alunas. Cabe então a utilização de músicas empolgantes e outros recursos de incentivo. Pode-se aproveitar por exemplo, para contar sobre as curiosidades que envolvem a cultura da dança, transformando este momento também em um instante cultural.

As "Combinações técnicas" são essenciais para o início do desenvolvimento da memorização das sequências, algo fundamental quando falamos em dança. Memorizar sequências é no mínimo, fundamental. Básico. Óbvio. Utilizando-se da contagem dentro dos compassos musicais, agregam-se alguns dos movimentos trabalhados nos exercícios técnicos, em pequenas combinações coreográficas. Essas combinações também começam ora pela direita ora pela esquerda, trabalhando a lateralidade e desenvolvendo a coordenação motora.
Principalmente nas combinações com os movimentos ondulatórios, se faz necessário que além da contagem musical, se estabeleçam conceitos de união dos movimentos baseados na leitura musical. Por exemplo: enquanto em um solo de percussão a pausa entre as batidas é presente e marcada facilitando a contagem e distinguindo os movimentos, em músicas mais melodiosas, típicas para os movimentos ondulatórios, essas pausas são discretas ou até inexistentes, proporcionando uma ligação nos movimentos, onde por vezes não se percebe aonde começou um e terminou o outro.
As combinações técnicas criam uma espécie de "arquivo de memória corporal". Em função disto, muitas vezes transformadas num repertório pessoal de sequências, uma vez embelezadas, serão posteriormente utilizadas para dançar também, e principalmente, de improviso.

Os "Giros e deslocamentos" fazem parte do que chamamos "aula no centro" ou seja, sem o auxílio da barra. Para que os giros possam ser desenvolvidos de forma correta para permitir um aumento gradativo de sua dificuldade, eles precisam ser aprendidos dentro da técnica clássica do ballet. Sem tirar nem pôr nos conceitos de eixo, "bater a cabeça", postura, braços, alavancas... Por quê? Pense: quem aprende a girar a ponto de fazer 32 fouettés em cima de uma sapatilha de ponta (traduzindo: 32 giros seguidos, sem parar, sobre uma única perna, do tipo mais difícil que possa existir, equilibrada numa pequena base de gesso espremendo a ponta de seus pés!) aprende a girar de qualquer forma. Para que reinventar a roda?
Para os deslocamentos, serão utilizados aqui os conceitos espaciais acadêmicos da Escola Russa Vaganova. O espaço cênico se divide em 8 pontos cardeais básicos, numerados de 1 até 8. Suas subdivisões incluem a letra a, exemplo:3, 3a, 4, 4a... Desta forma devem proceder os deslocamentos. Utilizando-se do espaço da sala de aula, são desenvolvidas as técnicas destes movimentos, atentos as posições espaciais, separadamente ou em forma de sequências e combinações técnicas.
As "Combinações Avançadas" assim como as "Combinações técnicas" são essenciais para o desenvolvimento da memorização. Possuem um caráter quase coreográfico. Utilizando-se da contagem dentro dos compassos musicais, aliada a leitura musical, unem-se movimentos trabalhados nos exercícios técnicos e nas pequenas combinações, somados aos deslocamentos e aos giros. Essas combinações também começam ora pela direita ora pela esquerda, trabalhando a lateralidade e desenvolvendo a coordenação motora. Deve-se aqui explorar a espacialidade, usando como aliado os pontos cardeais diagonais e frontais individuais e do espaço.
Momento propício do aprendizado para se praticar entradas e saídas de cena, seja para a entrada de outros grupos de alunas (o famoso "sair pela frente, correr as laterais e entrar por trás") ou para treino de posicionamento em cena.
Aqui deve ser explorada paralelamente `a contagem, uma visão didática de leitura musical. Estudar a composição musical e entender o porquê dos movimentos que ali se encaixam ou não. Momento propício para o estudo de composições clássicas em trechos, agregar o folclore e unir toda a técnica.

As "Diagonais" funcionam entre outros, como o maior percurso possível dentro de um espaço. Isso é geometria. Matemática. Pode-se então explorar o espaço em sua maior amplitude.
É o momento de fato de dançar. Usar de combinações coreográficas com a união de todas as técnicas, aliadas as combinações dos pontos referenciais de espaço - como os planos, as linhas e os pontos cardeais - fazendo uso de toda a cena, ocupando espacialmente todo o ambiente.
Os lados direita e esquerda são aqui trabalhados individualmente, na entrada, execução (que trabalha ambos) e saída.


O "Bailado" como o nome já diz, é o momento de trabalhar principalmente a interpretação. O bailado existiu na diagonal também, mas por sua dificuldade técnica, dificilmente houve emoção. Existe quem defenda que sorrir no palco e interpretar alegria seja a mesma coisa. Não concordo com a postura de mostrar os dentes feito boneca de cera para parecer que está sorrindo e confortável no palco!
Interpretar é aprender a sentir a música, apurar os ouvidos para que eles possam da mesma forma que levam os movimentos ao seu corpo, levar os sentimentos para as suas feições, para sua respiração, para os seus poros. Interpretar é com o corpo todo, não só com o rosto.
Então este é o momento de trabalhar improvisações sobre uma música favorita ou ao menos conhecida, imitar o professor ou bailarinas familiares dançando, usar de pantomima e de diversas outras técnicas que desenvolvam essencialmente, a interpretação.

Depois de tudo isso... alongar e relaxar. Compensar os músculos, compensar a curvatura da coluna de acordo com o trabalho desenvolvido. Relaxar é a palavra. Voltar os batimentos cardíacos para um local tranquilo. Uma música suave é muito bem vinda para sinalizar ao corpo e a mente que o trabalho corporal está chegando ao fim.

Uma "Reverense" é sempre calma e como o nome já diz, uma reverência ou um cumprimento, como agradecimento a mestra, ao público e a tudo o mais, anunciando a sua partida. Todo movimento deve ser ensaiado para ser elegante, e a reverência não fica de fora! Ela faz parte da prática diária.

E ao término, o agradecimento se demonstra em aplausos. Aplausos para a professora, aplausos para a aluna, aplausos para o conhecimento adquirido, aplauso pelo esforço e pela conquista. E também porque aplaudir também se aprende. Se você não aplaude, como espera ser aplaudida?

(...)
Alguns dos diferenciais fundamentais deste método, são a contagem e a preparação musical. Elas estão presentes em todos os momentos.
A preparação típica de quatro ou oito tempos musicais da dança clássica, é respeitada em todos os exercícios, desde o alongamento, passando pelo estudo das técnicas, até o término do aula. Como em qualquer aula de ballet (e quase nenhuma de dança do ventre), o movimento a ser executado é primeiro minuciosamente aprendido individualmente. Depois de estudado, é colocado numa contagem musical, encaixado numa sequência lógica para ser memorizado e só depois executado. Uma vez para cada lado. E respire antes de começar. Prepare-se, concentre-se.


O importante aqui é entender que o processo é desenvolver a consciência do movimento, para poder executá-lo corretamente.

Memorizado, o movimento é executado com maior atenção e consciência. Repetido, ele é alcançado tecnicamente. Executado tecnicamente com tranquilidade, ele consegue desenvolver estilo e deixa de ser imitado. Fluído naturalmente, o movimento é sentido; e só assim pode ser interpretado.

E isso é, honestamente, aprender a dançar.

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