sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre estilos... dançando Aziza

Estava aqui filosofando...

Enquanto somos estudantes, tudo o que fazemos é motivo de elogio, por pior que seja, afinal estamos em crescimento, tudo é perdoável e aprendível. (existe essa palavra? rs...). Super natural optar por dançar aquela coreografia do dvd tal, de fulana. Afinal, comprei, estudei, evoluí... mas ainda não consigo "coreografar" sosinha. Tudo certo!

Daí nos tornamos profissionais. No início fatalmente acabamos pegando pra nós o estilo de outra bailarina, seja em trejeitos, na cópia de passos que consideramos estilosos, ou mesmo simplesmente porque sabemos que "seguindo a mestra", nossa chance de errar diminui.

Leva então algum tempo (bastante!) pra que a gente passe a usar aqueles movimentos que gostamos da nossa própria maneira, da forma como ele melhor se encaixa em nosso corpo, adaptando-os com nossa criatividade, seguindo a nossa opinião própria.
E aqui começam as severas críticas, pois é claro, você NUNCA irá agradar a todos.

Mas, do outro lado da balança... é aí que nasce o seu verdadeiro estilo!

Você então tem duas opções:
1- assumir este estilo como a sua dança e ir fundo naquilo que você acredita...
2- ou continuar eternamente sendo clone das sazonais bailarinas famosas, mudando aqui e ali conforme a moda atual.

Mas se a 2ª for a sua opção, por favor, não me venha daqui alguns anos perguntar: me dediquei tanto, porque nunca consegui "chegar lá"?
- Vou te responder agora!

Porque ninguém "chega lá" sendo cópia de alguém, nem mesmo que seja uma divertida colagem de diversas bailarinas...

Dança é arte. E arte não deve ter padrão! (ou ao menos não deveria...)

Eu, particularmente, quando assisto espetáculos de uma determinada casa e suas bailarinas padrão, fico feliz pelas primeiras que entram no palco - terão minha total atenção!
Da 3ª ou 4ª em diante... ai , que tédio! Me controlo pra não começar a conversar.
O mesmo movimento, no mesmo momento musical, com a mesma intensidade, com a mesma finalização. O mesmo trejeito só muda a face. A mesma dança só muda de corpo. Que pobreza...
E não é por falta de boa bailarina, pois elas tem técnica e são lindas.
Mas lhe faltam o que EU enxergo como essencial: ALMA de bailarina.

Quando você dança, sua dança é carregada de emoções, emoções estas que são SUAS, que dizem respeito a SUA história de vida. Impossível ser igual a de outra pessoa...

Vamos refletir um pouco sobre isso?
Estamos a beira de diversos concursos e competições de dança. Em diversos deles sou jurada. Daí você pergunta: o que agrada uma jurada?

Pode ter certeza que estamos atentas , sempre, a premiar não aquela que numa única coreografia imita todas as suas professoras mostrando que tem estudo... não basta!

Vamos premiar aquela que simplesmente emociona a todos ao dançar.
Aquela que quando entra no palco, está tão envolvida no que faz, que parece dizer a nós jurados "tô nem aí com você!" - porque esta sim, nasceu com personalidade para ser uma estrela!

ok... vou exemplificar o post de hoje com alguns vídeos que ao meu ver, conseguem mostrar BEM o que é ter estilo próprio, ao interpretar a mesma música: Aziza

Veja bem! Não estamos comparando quem é a melhor, PLEASE! Não é esta a proposta! É exatamente o oposto! Quero que vocês percebam como cada estilo pode tocar você de forma diferente - gostar ou não é só um detalhe, uma questão de dia, de momento, de humor, totalmente mutável...

Espero que curtam!
Se quiserem deixar seus comentários, será enriquecedor!


1ª - Naima Akef , que dispensa maiores comentários...




2ª - Aqui, a grande mestra Lulu em seu tão imitado estilo



3ª - A bela e competente Renata Lobo



4ª - Não poderia faltar uma russa : Yassmin




5ª - Nem poderia faltar uma turca




6ª - E eu, claro, dando minha cara a tapa pra vocês...




Bom...
Para que você agora possa criar a SUA versão de Aziza...

Uma última inspiração:
mix de bailarinas da Golden Era como Naima Akef, Samia Gamal, Taheia Carioka, Souher Zaki, Nagowa Foad e outras...


Aguardo seus comentários!
;)


Errata: A bailarina que coloquei como exemplo de turca, é na verdade a italiana Alessandra D'ambra - a música é que é cantada pela turca Hilal Cebeci ! Desculpem minha confusão, estava buscando estilos e a fonte que era apenas referência acabou sendo errada. Obrigada Malikat pela correção de forma super ética e muito bem vinda! - Malikat é a responsável pelos grupos de estudo linkados na lateral deste blog.

5 comentários:

  1. Ai ai ai... eu sempre digo isso. Eu tenho me entediado com a dança do ventre por coisas como essa. Põe seu tempero, mulher! É um porre ver danças iguais. Um porre!

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  2. Que legal você ter tocado neste assunto Suheil!!! A dança do ventre está ficando acrobática e coreografada demais em detrimento da flexibilidade, simplicidade com toque de improvisação que são as marcas registradas desta arte.
    O medo e o comodismo acabam sufocando a alma e calando a intuição. É um alerta! :)

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  3. Pois então rsrsrsrs, otimo post, mas quando vc fala que os jurados olham a bailarina "sempre, a premiar não aquela que numa única coreografia imita todas as suas professoras mostrando que tem estudo.." acho que a maioria das juradas se espelham muito na bailarina que está dançando, podemos ver os resultados do MP por exemplo, é é sim um desabafo!!!

    Adoro seu trabalho!

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  4. Querida Suheil, adoro seu blog, seus artigos são muito interessantes e esclarecedores...acredito que dança do ventre requer estudo, muito estudo, e de fundamental importância que pessoas como você que têm uma história na dança " ajudem" àqueles que como eu estão começando sua tragetória ... pensando em difundir informações, para que cada vez tenhamos mais qualidade na dança criei um blog chamado estudos de dança do ventre onde divulgo tudo de valioso que encontro sobre nossa arte...gostei muito deste teu artigo e vou publicá-lo citando a fonte...caso haja algum problema me informe...espero que vc continue com seu lindo trabalho e que através de suas dicas e conselhos mais bailarinas consigam chegar até averdadeira arte da dança do ventre...

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  5. Me emociono ao ver uma só música clássica em tantas épocas diferentes, em corpos diferentes, em países diferentes. Como a leitura de cada uma é única, como é lindo isso, quanta emoção associada à técnica, vinda de tantas mulheres atravessando os séculos, manifestando diferenças culturais etc. Amo a dança do ventre, porque não há nada tão feminino, tão mágico! Em pensar que tantas pessoas desconhecem essa arte e a menosprezam, pura ignorância. Amo a dança do ventre porque além de tudo, é a única arte que conta a história da mulher,desde que conhecemos o mundo como mundo. Adoro minha prof. Suheil. Ela é a mais linda de todas! Ah, não consegui ver a Lulu, que amo também.

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