terça-feira, 31 de maio de 2011

Mais sobre "de graça"

Primeiro gostaria de agradecer as pessoas que comentaram publicamente no blog ou mesmo as que me enviaram emails me incentivando a continuar a falar sobre alguns temas polêmicos. Como a maior dúvida (e confusão) me pareceu ser sobre quando e como dançar de graça, vou dedicar este post a isso.

Primeiro precisamos entender, que "Beneficente" e "De graça", são duas coisas bem distintas!

Embora em ambos os casos, para o bolso da bailarina não venha nenhuma verba, isso não quer dizer que ambas as situações sejam iguais! Não são! Não mesmo!

Quando você dança em um evento beneficente (obra de filantropia), o público é pagante da mesma forma! Seja em doações de comidas ou em verbas, ninguém está lá para ver o show na base do oba-oba. É uma campanha! De alguma forma, seja em dinheiro ou doações, as pessoas estão pagando por sua performance e você, é quem está abrindo mão de receber por um motivo maior. E diga-se muito honorável.

Acredito que cabe ao artista participar sim, de campanhas beneficentes e projetos que ajudem de alguma forma quem precisa. Emprestar sua imagem, arregaçar as mangas. Aliás, não só o artista, mas todos os seres de bem devem fazer isso.

Em minha carreira, participei e ainda participo de DIVERSOS eventos beneficentes. Ajudo instituições, colaboro em campanhas... Adoro fazer isso! O retorno é muito grande e muito gratificante, principalmente no quesito "paz interna".

Mas... continue sendo e tendo uma postura profissional!

A sua posição neste caso, deve ser :
1- antes do evento, peça a organização um ofício datado, assinado e carimbado, digamos assim, com a solicitação de sua apresentação, datas, horários do evento e para quais fins ou instituição a verba arrecadada se destina.
2- ao término, tenha ciência de quanto foi arrecadado com seu show e assine um termo de doação para a "instituição" recebedora. Pegue o recibo. Assim você terá ao menos alguma garantia de que a verba foi de fato para onde deveria ir.
3- se as doações forem em outra espécie que não dinheiro, procure acompanhar este processo de entrega. Além deste momento ser muito prazeroso, você irá conhecer de perto quem você está ajudando. Garanto que descobrirá olhinhos e sorrisos tão lindos que serão inesquecíveis.

Outra forma de dançar "de graça":
Dinheiro não é a única forma de receber por seu trabalho! Se a sua amiga tem uma escola, vai fazer um evento e não pode pagar cachê porque não há verba suficiente, você pode propôr uma troca: você dança na festa dela e depois ela dança na sua! Seria como "trocar cachês".
Ou ainda, ela paga seus custos de transporte, alimentação e hospedagem, organiza um workshop para você levantar sua verba, capricha na organização e na divulgação - mas não ganha em cima do seu trabalho; é como se o que ela ganharia para ela, ela pagasse pelo seu show. E a arrecadação finaceira é toda sua. Você estará dignamente trabalhando.


A humanidade sempre teve inúmeras moedas de troca, nem tudo roda em torno de dinheiro, células de papel, exclusivamente. O que é preciso, é ter bom senso acima de tudo.

Acho que nem preciso dizer, mas vou: quer dançar na festa de sua melhor amiga, como presente pra ela? Dançar pro vovô no aniversário dele? Por uma música e mostrar sua arte num encontro entre amigas? É claro que vale, né?!? Você não seria mercenária a este ponto! É profissional sim, mas tem amigas e família, e nessa hora, essa é você, a pessoa!

Então... o que você JAMAIS deve fazer ??

1- dançar de graça no Habib's ou similares, achando que isto é válido para promover o seu trabalho! Pelo amor... se valoriza!
2- oferecer seu trabalho gratuito para tentar pegar a vaga de outra bailarina que trabalha na casa recebendo...
3- dar aulas de graça porque está aprendendo (vai fazer um estágio! se está aprendendo é porque ainda não é hora de ensinar!)
4- se expor em baladas árabes aonde o público é em maioria rapazes que querem ver as gostosas rebolarem e normalmente no fim da noite já estão bêbados. O que isto vai te trazer de retorno?

É nessa hora que comparamos Profissionalismo X Exibicionismo !!!

Mesmo assim você insiste que quer dançar de graça por aí, só pra "mostrar sua arte" a tudo e a todos? Tudo bem também! Opção de vida sua, livre arbítrio!
Só por favor então, pare de dizer que você é uma profissional do ramo. Porque ser amadora e amante é uma coisa. Cabe a qualquer uma.
Ser profissional é outra coisa, bem diferente...

Bjkas e até o próximo post!
Não esqueça de deixar o seu comentário...

;)

PS - Débora, tá aí, valeu o puxão de orelha domingo... atualizei! bjk

15 comentários:

  1. Suheil,aquela parte que tu fala pra gente não dar ''aulas'' de graça quando estamos aprendendo,que é melhor fazer um estágio. No meu colégio, a minha professora sabe que faço aulas de dança e pediu pra mim ensinar um pouco para as mulheres mais velhas que estudam lá. Então,nem pensar né?

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  2. Pois é Suheil esse tema é realmente polêmico (adoroooo seus posts).
    Sou bailarina aqui em Recife e comecei a praticar a dança quando tinha apenas dez anos, hj tenho 26, sou formada em educação física e ministro aulas de dança do ventre em algumas academias daqui... E aqui em Recife (não sei no restante do país) rola uma história de, algumas bailarinas promovem festivais, trazem bailarinas de fora (o que acho ótimo), mas
    EXIGEM que, pra se apresentar no festival, tenha que ou fazer workshop, ou PAGAR!!! isso mesmo PAGAR pra se apresentar... teve algumas pessoas que trocaram esse PAGAR pela venda de ingressos...
    Em relação ao work acho super interessante fazer, muito valido essa vivência principalmente nós professoras que temos a necessidade de renovação e constante estudo... Mas OBRIGAR a fazer o work é demais, pois as vezes é com uma bailarina que não tenho interesse de estudar, ou até mesmo não tem como investir no momento R$200 ou R$300 reais num workshop.E pagar pra dançar é o CUMULO!!!
    Fico super revoltada com essas atitudes pois tira-se todo custo dos festivais nas nossas costas, e o pior que a maioria dos festivais são assim, se a gente decidir não dançar dessa forma, passamos o ano inteiro sem aparecer em apresentações!!!
    Isso já foi discutido várias vezes entre nós bailarinas, mas nada foi mudado... E assim seguimos na nossa jornada de: Dançar de graça não... Pagar pra dançar!!!

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  3. Amei! Além de ser uma dançarina maravilhosa você é uma ótima empresária e super competente no que faz! Adorei as dicas! BJKS!!!!

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  4. amei o post! Além de uma excelente dançarina, você tbm é uma empresária competente!! Por issoque faz tanto sucesso!!! BJKSSSS!
    Amo você lindona!

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  5. Muito bom esse tema. O post está super esclarecedor.
    beijinhos

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  6. Suheil gosto muito dos seus posts (aliás já sabe q adoro vc!!!), mas esse aqui achei... nao bom... o seguinte, issa é a DIFERENÇA!!!
    Demostra professionalidade, além de muitas outras qualidades como dançarina, assim como pessoais.
    Mais uma vez, parábéns linda!
    beijokass da espanha!

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  7. Meninas,
    em função da polêmica que dará minhas respostas...
    vou responder com sabedoria e dedicação.
    Mas não será agora que estou preparando viagem e MEGA atrasada!

    Só passei pra vcs não acharem que ficarão sem respostas, ok? Terça feira estou de volta e respondo tudo com bastante calma!

    Continuem comentando! Sem vcs nada disso faria sentido!
    Bjks, Suh

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  8. Olá Suheil!

    Para mim "de graça"=DESGRAÇA!!
    Invariavelmente(com raríssimas exceções, algumas delas citadas no seu post) o resultado é um espetáculo deplorável, de gosto prá lá de duvidoso..um verdadeiro "show de horrores"!
    Isto me fez lembrar uma vez que fui a um restaurante árabe em Floripa, que é claro, tinha um showzinho de DV..Por Deus, quase perdi o apetite!
    A moça até que dançava direitinho, só que misturou alhos com bugalhos comentendo uma série de equivocos na escolha do figurino e repertório..enfim total descaso com a cultura.
    Me senti desrespeitada como público (pláteia), afinal eu tbém estava pagando o couvert. Este tipo de apresentação, para o público leigo, até pode servir como entreterimento, mas para quem entende, um pouco que seja, de DV e cultura árabe torna-se uma verdadeira tortura!
    Respeito é bom e o público adora!
    Minha profe custumava dizer que sempre ao dançar devemos imaginar que há no recinto um árabe ou grande conhecedor de dança, evitando assim de fazer um "showzinho tabajara".
    E eu concordo com ela.
    É melhor pecar pelo excesso, do que pela falta de consideração com os espectadores.

    Um abraço!

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  9. Show! As pessoas adoram "misturar" as coisas! Adoram oferecer "de graça" "pra se promover"... Não vejo isso em outra profissão... só aqui, na dança e arte, principalmente na dança do ventre vejo isso... cruel

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  10. Triste realidade ... quem quer dançar com o Kirlis ??? Em Curitiba custa 700 reais!

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  11. Super pertinente este post!! as pessoas deviam "acordar" rs....

    Ps quero mais atualizações da sua trip afinal adooorroo viajar!!

    Conta como é a DV do outro lado deste Brasseellllzaaumm!! bjokas

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  12. Olá querida! Eu sou a mãe da Ronaty que foi sua aluna há muito tempo atrás.rs.rs... Adorei seu blog... Te convido a conhecer o meu blog sobre literatura...Espero que goste... e se gostar me siga.rs.rs..bjus

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  13. Ah, estou me apresentando gratuitamente em alguns saraus. Tudo bem que sempre deixo bem claro que estou ainda estudando e aproveito essas oportunidades para ganhar experiência fora da escola e treinar minhas coreografias, tendo algum feed back de público, além do da professora.

    Não sei se estou fazendo certo, mas por enquanto tem me ajudado muito!

    (Dançar num Habibis da vida? Que Rá me proteja deste destino, aí já é demais!)

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